Parques para Cães

Os cães têm cada vez maior visibilidade nos meios urbanos onde fornecem companhia num mundo que promove o isolamento social das pessoas e atuam como catalisadores promovendo contactos entre estranhos. Porém, estes ambientes são bastante inóspitos para os animais, onde lhes é vedado o acesso a grande parte dos locais e infra-estruturas de recreio. Mas não tem de ser assim, e em vários países são cada vez mais comuns e populares os parques para cães.

Os animais de companhia estão omnipresentes nas diversas sociedades humanas, assumindo uma especial relevância na civilização ocidental. Entre as diversas razões invocadas para a posse de um animal de estimação (amor incondicional que proporcionam, diversão, segurança e proteção, equiparação a um membro da família, vantagens para a saúde, etc.), a mais referida é a companhia que fornece, sobretudo no caso dos cães (indicada por 51 a 69% dos proprietários). Esta função assume uma particular relevância, dado que na sociedade atual há uma tendência crescente para o anonimato e individualismo, logo para a quebra dos laços sociais que normalmente se estabelecem numa comunidade.

Vantagens de ter um animal de companhia

Diversos estudos têm sugerido as vantagens para a saúde que os animais de companhia proporcionam. Apesar de não se saber exatamente a razão destes benefícios, parecendo não haver uma relação causa-efeito direta, pode-se realçar, por exemplo, que os cães, enquanto animais de companhia ou auxiliares de terapia, contribuem para: melhorar auto-imagem e auto-estima de pessoas solitárias; aumentar as interacções sociais com estranhos, dado que as pessoas estranhas estabelecem conversas mais facilmente com indivíduos que estão a passear os seus cães; reduzir a pressão sanguínea; diminuir o stress sofrido em situações traumatizantes, como a morte de um conjugue; aumentar a esperança de vida de pessoas que tenham sofrido ataques cardíacos; reduzir a incidência de diversos problemas de saúde menores; aumentar a empatia das crianças para com os outros animais e pessoas; aumentar o sucesso de terapias em pessoas com problemas psicológicos; aumentar o nível de independência de pessoas portadoras de deficiências físicas e da sua integração na sociedade.

Na Austrália, há uns anos foi estimado que os animais de companhia possibilitavam poupanças nos gastos com a saúde humana na ordem dos 790 milhões a 1,15 mil milhões de dólares, dos quais 68% revertem para o governo e 32% para as famílias que os possuem.

Num inquérito realizado em cinco países europeus, em 2000, verificou-se que a taxa de posse de cães era de 35% na França, 22% no Reino Unido, 18% na Alemanha, 26% na Espanha e 28% na Itália. Em Portugal, parecem não existir dados concretos sobre a presença de animais de companhia nos lares nacionais, mas parece lícito assumir que não deverá ser muito diferente da situação nos restantes países europeus, particularmente Espanha.

Continua...

fonte: c&c 165 (fevereiro 2011)
Carla Cruz, Mestre em Produção Animal e Doutoranda em Ciência Animal