O Mundo através do olfato

Uma correta introdução ao adestramento da capacidade olfativa do cão, para o desenvolvimento de trabalhos concretos, deve basear-se num perfeito conhecimento da fisiologia do olfato canino. Como poderemos observar, este sentido é a principal fonte de informação do cão. Dito de outra forma, os canídeos têm uma "visão olfativa" do meio que os rodeia.

Se estabelecermos a comparação entre a capacidade olfativa do cão e a do ser humano, sabe-se que a do primeiro pode ser entre dez mil e cem milhões de vezes superior dependendo da substância analisada. Assim como nós humanos dedicamos uma terça parte do nosso cérebro às funções da vista, o dos cães especializou-se no olfato e tem aproximadamente vinte vezes mais neurónios olfativos que os nossos. Os nossos instrumentos mais sensíveis são capazes de detectar uma bilionésima de grama de uma substância química mas, um sabujo, pode perceber à distância o que os referidos instrumentos não detetariam junto à mesma fonte de odor. Alguns factores orgânicos, como uma superfície olfactiva seis vezes superior à humana e a maior proporção de ar conduzido através da mucosa olfativa, parecem ser decisivos nesta comparação. 

Discriminar os odores

Mas, não só deve ser considerada a magnífica sensibilidade olfativa do cão como também devemos ter em contam, e assim o fará o adestrador com mais frequência do que por vezes se crê, uma das particularidades deste sentido canino é a grande capacidade de discriminação. De facto, se tentarmos dissimular uma substância reforçante com outras similares ou distintas, a primeira será sempre detectada pelo cão distinguindo-a isoladamente das restantes.

Continua...

Fonte: C&c 165
Sílvio Pereira - Consultor na área do comportamento canino